De maneira incisiva: "Meu jeito é esse. Eu não mudo", de forma branda "alguém tem que ceder, você precisa se adequar". Sempre é o outro que precisa mudar, se adaptar ao seu, ao meu jeito de ser. Como fazer parte de uma democracia se a mudança sempre deve vir do diferente, do que está fora de mim?
Democracia, palavra muito ventilada nestes últimos dias. Sabemos que surgiu na Grécia inspirada em pensadores como Platão e Aristóteles. Foi subjugada na era medieval. Transitou entre as trincheiras da Revolução Francesa e hoje navega entre likes e deslikes nas redes sociais. Seu conceito evoluiu durante esses períodos, mas seu DNA que consiste em promover e assegurar o bem comum e a equidade sobrevivem a duras penas.
Ao sacrificar a diferença estamos massacrando as conquistas de teóricos e ativistas políticos. O que significa dizer: "não conteste o que a maioria considera como certo. Aceita e pronto, deixa de criar caso". Ao berrar ou xingar seja em redes sociais ou pessoalmente o outro por não aceitar este ou aquele pensamento podemos perceber um sintoma claro de que não sabemos o que é e como fazer parte de uma democracia.
Fazer parte de algo exige pertencimento, ou seja, abdicar do caráter mesquinho seja idéia ou atitude em prol de algo superior a estes interesses secundários. Fazer parte de uma democracia exige mudança. Neste mover-se constante podemos olhar o outro como a diferença que me completa. Como uma relação entre aprendizes.
Já ouvimos o jargão de que "o novo assusta" e é a pura verdade. Estamos assustados com esse movimento. Essa geração que nasceu inundada entre redes, hoje vive na pele o preço de seus antepassados por não saberem concretamente fazer parte, acolher, entender e discutir com o novo. Para fazer parte é preciso envolvimento, coragem, empatia e sobretudo autocrítica.
Não encarar o outro como meu adversário, é o primeiro passo para a promoção de encontros, onde haja trocas de ideias, onde cada pausa não possibilite um novo round tendo como motivo a defesa cega da "MINHA IDEIA". Portanto, a capacidade de reinventar-se, de perceber que o outro pode contribuir com determinada teoria ou interpretação. Reconhecer que de fato podemos ajudar-nos a melhorar constitui o motivo que todos nós brasileiras e brasileiros precisamos para aprender a pertencer a uma própria democracia e, assim, praticar a justiça social de que tanto falamos.
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