Por Bruna Pinto de Castro
O documentário "Juízo" promove uma reflexão sobre a realidade de jovens menores de idade que, expostos à criminalidade e à miséria, se propõem a realizar ações que corrompem a lei. Nota-se que todos os jovens julgados e submetidos à reclusão pertencem a uma classe desfavorecida, sendo eles negros, periféricos e pobres. Eles são influenciados e motivados pela luxúria de organizações criminosas ou pela consciência pessoal. Tomados pela inconsequência, assumem o papel que o sistema quer que eles exerçam: o de criminosos. Os grupos criminosos ganham mais um escudo humano que pode mais facilmente se desvencilhar de punições judiciais, enquanto convencem esses jovens de que suas vidas serão melhores.
Na obra audiovisual, esse comportamento é fortemente repreendido pela juíza, que propõe que eles trabalhem honestamente e, independentemente das adversidades, escolham o caminho certo. A que custo alguém mergulha sua vida em vícios? Concede mau exemplo a um filho? Envergonha o pai ou a mãe? Esses questionamentos refletem a vivência de algumas pessoas julgadas, onde fizeram algo que não afetou apenas sua vida, mas também a vida do pai e da mãe.
Além disso, é possível compartilhar através dele uma mensagem ao público jovem: No mundo, ninguém tem responsabilidade sobre a nossa vida além de nós mesmos. Iremos nos deparar com pessoas que não terão empatia por nós ou pelo que passamos. Pensando nisso, é crucial ter autonomia sobre nossas escolhas. No vídeo, muitos desses jovens não sabiam responder o porquê fizeram o que fizeram, apenas o fizeram porque outras pessoas queriam. Por isso, é preciso refletir sobre a importância de escolhas bem-sucedidas e utilizar as oportunidades que temos para melhorar e nos afastar dessa conduta ruim. Caso contrário, não colheremos frutos bons e, em determinado dia, perceberemos que perdemos uma vida, não recebemos dignidade e infelizmente não fomos dignos daquilo que nos esperava. Poderia ter sido diferente.
É um direito que suas condições financeiras sejam respeitadas. No entanto, as vítimas também têm o direito de não serem roubadas e importunadas. Suas necessidades precisam ser supridas pelo poder governamental e não pelo judiciário. Elas precisam refletir sobre o que praticaram, dentro da lei. O judiciário tem que cumprir seu papel. É essencial que essas crianças sejam reeducadas e ressocializadas, e que este documento sirva de influência regenerativa e positiva, exemplificando as consequências, principalmente para o público jovem, considerando o resultado daqueles retratados no documentário: um morreu, outros continuaram na vida fatídica e outros mudaram.
Fonte: Domínio Público