quinta-feira, 20 de julho de 2017

A cultura de assédio na sociedade brasileira

                                            Por: Karine Alves Cunha

De acordo com o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um “corpo biológico” por ser, assim como esse, composta por partes que interagem entre si. Desse modo, para que esse organismo seja igualitário e coeso, é necessário que todos os direitos dos cidadãos sejam garantidos. Contudo, no Brasil, isso não ocorre, pois em pleno século XXI a mulher, principalmente, ainda não tem a liberdade de ir e vir em segurança, como lhe assegura o artigo 5° da Constituição Federal Brasileira, por ser vítima de assédio constantemente. Logo, evidencia-se que a cultura de estupro ainda perdura e que, por as mulheres somarem a maioria das vítimas, prova que o país continua machista e o sexo feminino, portanto, inferiorizado.

A priori, verifica-se que, devido ao conservadorismo, a sociedade brasileira sempre marginalizou a mulher, impondo sobre ela o dever de cobrir o seu corpo para que não sofram assédios. Com o tempo, por meio das manifestações feministas, as mulheres foram conquistando espaços e direitos, porém, sua segurança e integridade continuam sendo ameaçadas por trogloditas que julgam seu comportamento ou vestimenta, por exemplo, como motivo para insultá-la sexualmente com palavras ou atitudes ofensivas.

Outrossim, uma das causas que permite às mulheres continuarem sendo tratadas como objetos sexuais é o silêncio. Pois, por sentirem medo ou desconhecerem que aquele assédio sofrido quase que diariamente no ônibus circular é crime, elas não denunciam. É preciso, portanto, encorajar essas vítimas a não se calarem em situações do tipo, para que ajam como a figurinista da TV Globo Susllem Tonani que denunciou o ator José Mayer por ser assediada pelo mesmo. Medidas como essa são importantes e necessárias, pois encorajam a sociedade para lutarem pelos seus direitos, como muitos atores da emissora fizeram.

Urgem, portanto, ações sinérgicas entre governos municipais e mídia, a fim de reverterem esse cenário. Para tanto, os governantes municipais devem construir ou investir nas delegacias especializadas às mulheres, para que as mesmas possam se sentir mais apoiadas e seguras para fazerem a denúncia. Além disso, compete à mídia ajudar nesse processo, veiculando em todos os mecanismos de informação possíveis, como na rádio e internet, a necessidade de não se calar em meio ao assédio, contribuindo, desta forma, para que haja aumento da punição contra os protagonistas. Destarte, pequenos e grandes atos de assédios sexuais minimizarão paulatinamente no país, fortalecendo as expectativas de que essa nação será, finalmente, igualitária.

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