quinta-feira, 17 de julho de 2025

Meu amor,



Hoje eu quero te escrever não para lembrar o que você já faz todos os dias com tanto amor e entrega, mas para que você saiba que eu vejo. Eu vejo sua dedicação incansável na maternidade, sua paciência quando tudo parece querer desmoronar, sua força quando o mundo parece pesar. Você se doa inteira. E isso é belo. É divino.

Sei que nem sempre pareço estar ao seu lado como deveria. Às vezes, com brincadeiras ou silêncios, acabo insinuando que não ligo tanto quanto deveria — e isso dói em mim mais do que você imagina. Mas a verdade é que, quando ajo assim, não é indiferença… é fraqueza. É medo. É minha forma imperfeita de lidar com o que não dou conta.

Enquanto eu tropeço em dúvidas e me distraio nas rotinas, você permanece firme, com um brilho que só posso explicar como dom de Deus. Você é iluminada pelo Espírito Santo — isso é visível na sua calma, na sua sensibilidade, na sua entrega. E, mesmo quando você se cansa (porque sei que se cansa), continua sendo refúgio, estrutura e esperança para nossa família.

Hoje quero te agradecer. Não por ser perfeita — porque não te amo por isso —, mas por ser essa mulher real, cheia de coragem e fé, que inspira e segura tudo com graça. Você me ensina, mesmo sem palavras, o que é amar de verdade.

Perdão pelas vezes em que falhei como pai e parceiro. Prometo seguir aprendendo com você, caminhando ao seu lado com mais presença, mais verdade e mais amor.

Te amo com tudo o que sou.



quinta-feira, 3 de julho de 2025

O Efeito das Pessoas Abrasivas

Por: Atualpa Ribeiro

Não sei exatamente o que acontece. Ainda vou conversar sobre isso com o Luiz, talvez ele me ajude a entender. Mas diante de certas pessoas — como essa garota que trabalha comigo — algo em mim se retrai. São pessoas que se posicionam com firmeza, que falam alto sem necessariamente levantar a voz, que caminham entre os outros como se o mundo lhes devesse alguma explicação.

Não as chamaria de arrogantes, mas há nelas um tom... abrasivo. Um jeito de existir que fere de leve, como lixa fina passando na pele. E o que faço eu, com meu temperamento enérgico, minha vontade de me impor? Me encolho. Me afasto. Evito o confronto como quem evita uma febre anunciada. Não por covardia, acho — embora às vezes me questione —, mas por receio de tropeçar nas palavras, de me perder no calor do embate, de parecer frágil exatamente onde gostaria de ser firme.

By: Devaneios com Sigmund e Freud

Freud talvez explicasse. Lembro de um texto dele, "O Estranho". Nele, fala sobre o desconforto que sentimos diante do familiar disfarçado. Talvez seja isso. Essas pessoas me soam excêntricas, sim, mas não totalmente estranhas. Há nelas algo que reconheço, uma coisa que talvez eu queira — não ser, mas ao menos possuir. Como a calma para argumentar, por exemplo. A precisão. A frieza útil.

Talvez eu admire nelas o que me falta, e é esse espelho torto que me desconcerta. Quem sabe o que me incomoda não seja o outro, mas o que o outro me mostra de mim mesmo.

Meu amor,

Hoje eu quero te escrever não para lembrar o que você já faz todos os dias com tanto amor e entrega, mas para que você saiba que eu vejo. Eu...