Como escrever depois de ler Kant? Penso que é inconcebível, pois como pensar depois de navegar por esse oceano nebuloso de imperativos? Como dar vasão ao pensamento depois de ter embriagado-me com máximas e leis que DEVEM se tornar naturais por meio da disciplina direcionada à autonomia? Não consigo escrever depois ler esse moralista infame que negligenciou o que o homem tem de mais sublime, os sentimentos e emoções em nome da pretensa razão perfeita. Para Kant só o racional importa. O ser humano é a Razão e se reduz a um projeto de esclarecimento rumo à dominação do espírito e consolidação do caráter.
Ao domar a selvageria a razão perde sua energia transgressora. Este exclusivismo moral-racionalista impetra na existência uma camisa de força chamada DEVER e amordaça a vontade com a ilusão de ser livre. Kant propõe um princípio volitivo incondicionado, ledo engano. Ele mesmo se condicionou a uma vidinha pacata sem chance ao amor, pois na MORAL kantiana não há espaço para bobagens e delinquências.
Então, como escrever depois de ler este homem perfeito, imaculado, quase um Deus? Como lê-lo sem que ele nos contamine com sua ideologia racional estéril? Kant não dar chance ao pensamento transgressor, tudo aquilo que é alheio a moralidade deve ser aniquilado do espírito. DEVEMOS respirar por meio de tubos que seu cânone direciona.
Como te odeio príncipe da moral. Você tornou minha criatividade oblíqua, embaçou minhas lentes com teus prolegômenos e engessou meus neurônios com uma dialética positiva que nos conduz à Dante. Kant o obcecado pela moral deseja que todos ao lê-lo possuam e exerçam essas leis abusivas em nome de uma felicidade plena que só existe em seus sonhos. SEU DEGENERADO E DOENTE!
LUTAREI ATÉ O FIM PARA EXTRAIR, VOMITAR E DESENCARNAR DO ESPÍRITO ESSE LÍQUIDO FÉTIDO: a moral kantiana.
Matarei Kant de meu espírito.
Só assim poderei escrever transgressoramente.
Só assim poderei escrever transgressoramente.
