domingo, 29 de outubro de 2023

Rubem Fonseca à luz do pensamento de Bataille: Explorando a Violência e a Literatura


Neste ensaio, examinamos como as literaturas de Rubem Fonseca e Georges Bataille convergem na exploração da violência e na subversão da linguagem para revelar a realidade da sociedade. Ambos os autores buscam desobstruir as cordas vocais da linguagem, dando voz à violência que permeia a condição humana. Para Bataille, a linguagem civilizada é a expressão do homem civilizado, enquanto a violência é relegada ao silêncio, tornando-se aparentemente estranha à civilização.

A visão de Bataille contrasta com a ideia de que os "civilizados" são incapazes de atos violentos, desafiando a dicotomia entre civilização e barbárie. Rubem Fonseca ilustra essa ambiguidade na sociedade brasileira através de suas narrativas de violência, onde a realidade se distancia do discurso lógico e coerente.

Para Bataille, o Mal é uma parte inerente e inescapável da experiência humana, e a tentativa de suprimi-lo ou negá-lo pode levar a consequências ainda mais desastrosas. Em vez disso, ele sugere que devemos confrontar e abraçar essa dimensão sombria, reconhecendo que ela faz parte de quem somos. Essa perspectiva sobre o Mal está fortemente relacionada à ideia de que a experiência humana é ambígua e contraditória. Bataille acreditava que a busca por uma existência plenamente racional e ordenada é uma ilusão, e que devemos aceitar a nossa condição equívoca, onde forças opostas como vida e morte, ordem e desordem, razão e irracionalidade, coexistem.


Georges Bataille


Por conseguinte, os textos de Fonseca alinham-se nessa esteira ultrarrealista contribuindo para a promoção de uma tomada de consciência que proporciona uma percepção empática acerca de atitudes que são vivenciadas e/ou reproduzidas pelos partícipes da comunidade escolar como violência contra mulher e escolar como bullying, autoridade docente, vandalismo, depredação do patrimônio público e transferência de culpabilidade pelos seus atos. Esta última, por exemplo, se traduz quando os estudantes delegam a culpa de suas falhas às limitações temporais ou simplesmente devido os colegas não terem comunicado se isentando de sua responsabilidade.

"Passeio Noturno (Parte I e II)": Nesses contos, Fonseca explora a vida de um homem solitário e alienado que se envolve em atividades sexuais violentas e obscuras. Eles revelam a alienação, a busca por prazer extremo e a desconexão com a sociedade.

"Dia dos Namorados": Este conto narra a história de um homem que se envolve em uma relação sexual degradante e sem amor com uma mulher que ele conhece em um bar. O conto expõe a superficialidade dos relacionamentos e a degradação da intimidade.

Violência e a Necessidade de Autoconscientização

Bataille argumenta que o sistema racional, representado pelo pensamento cartesiano, ignora a violência como um caminho para a emancipação. No entanto, os contos de Rubem Fonseca desafiam essa visão, apresentando personagens que se entregam à violência devido à sua marginalização social e ao desejo de pertencer ao mundo do consumo. As narrativas de Fonseca desafiam as normas da sociedade e da moral, revelando o que os seres humanos são capazes de fazer.

O conto "Feliz Ano Novo" exemplifica como a violência é alimentada pelo consumo e desigualdades sociais. As personagens, marginalizadas e desesperadas, buscam pertencer à sociedade através de um ato violento. O desprezo dos ricos pelos pobres é evidente, demonstrando a desigualdade que impulsiona a violência.

Erotismo e Violência na Literatura de Bataille e Fonseca

Bataille via o erotismo como uma busca pelo "excesso" que desafia normas sociais e morais, envolvendo o tabu, o sacrifício e o prazer proibido. Fonseca explora o lado obscuro da existência, apresentando personagens que se entregam a impulsos destrutivos e transgressores. Através da literatura, ambos os autores buscam uma experiência interior que transcende as limitações da moral e da razão.

Hipermoral e a Transgressão

Bataille introduz o conceito de "vontade de chance", que representa a busca humana pelo acaso, pelo imprevisível e pelo caos. Isso envolve a quebra de paradigmas, desafiando a razão e a moral. Fonseca compartilha dessa abordagem ao desafiar as normas sociais e buscar experiências que escapam ao controle e à previsibilidade.

Conclusão

Rubem Fonseca e Georges Bataille compartilham uma abordagem literária que busca expor a violência e a ambiguidade da condição humana. Suas narrativas desafiam as normas e a moral, levando os leitores a confrontar o lado obscuro da sociedade e da própria humanidade. Através da literatura, eles buscam provocar a autoconscientização e transcender as limitações da razão e da moral.

Nesta versão mais concisa do seu texto, mantive os pontos-chave e a estrutura geral do seu ensaio, abordando a convergência entre as obras de Fonseca e Bataille na exploração da violência e do erotismo, bem como a busca pela experiência interior e a hipermoral.


Rubem Fonseca


10 comentários:

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