quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

MULHER COMO META?

Imaginem vocês mulheres ouvindo a seguinte mensagem "Você era minha meta, tudo que vier é resto". Como é lamentável ainda vivermos numa sociedade, onde persiste a cultura do patriarcado. É absurdamente lamentável percebermos que a mulher possa ser tratada como um pedaço de carne, um troféu, um produto prestes a ser consumido. O que se evidencia de narrativas como essa demonstra o caráter e a educação de quem a enuncia. As vezes são ditas como forma de revelar amor, mas acertam em cheio a dignidade de quem as ouvi, é necessário perspicácia, pois são pronunciadas com sutileza e no calor do momento pode até terminar com uma carícia. Quem anuncia expressa superioridade por erguer o prêmio.

Outro fator ou fatores bizarros são as características da mulher conquistada, geralmente, é branca, de corpo delgado, ou seja, atende o padrão de beleza das redes sociais. Dificilmente essas declarações serão ditas a mulheres negras, não que seja correto dizer, mas sempre a mulher de cor é um subproduto da sociedade, serviu para satisfazer os desejos insanos dos senhores de engenho, mas não podem ser vistas a luz, ninguém pode saber. Estas mulheres assumiram, hoje, o posto de instrumentos para agregar valor ao Brasil, como estratégia turística, como aquela atração circense. 

Isso pode ser notado de forma mais intensa quando determinado jovem apresenta sua namorada ou simplesmente comenta com seus amigos e familiares, a cor é a primeira característica que salta. Por que a cor é tão importante? Não falam isso quando se trata de uma branca, aliás, quando descrevem alguém branco, falam com admiração e se tiver os olhos verdes ou azuis, aí os elogios aumentam de nível.

Triste cenário! Então, tanto o homem branco, quanto o homem não-branco assumem o páreo para conquistar a mulher branca, tendo em vista que a não-branca fica a margem e deve se contentar com visitas esporádicas. Essas situações expressam a incessante tentativa da sociedade de delegar à mulher status de coisa. Sem falar que a pressão diante das ações da não-branca é redobrada. Quando a branca erra foi um deslize, acontece, você vai superar, por outro lado, quando a mulher não-branca erra foi incompetente e irresponsável. Ao lerem podem dizer que esse quadro está mudando. Infelizmente não consigo enxergar essa mudança. O que existe é a luta constante da mulher seja branca, seja negra por espaço. Colocar-se no lugar do outro e respeitar suas diferenças não é desgastante, basta boa vontade e sensibilidade. 

E aí? Ainda vai continuar vendo sua vizinha, amiga, namorada ou esposa como troféu ou produto? 

 O texto trata de questões como machismo, possessividade, instrumentalização da mulher, esse pensamentos e atitudes mentais convergem para práticas truculentas. Confira o vídeo abaixo:


A professora Lili Schwarcz traduz de maneira realista o triste cenário que muitas mulheres vivenciam. 
Como Schwarcz afirma: "o lar pode ser um lugar perigoso".



Confira cada produção acadêmica por meio das imagens (basta clicar na capa) abaixo:

  Filosofia na veia: reflexões e experiências Francisco Atualpa Ribeiro Filho Organizador e autor Com imensa satisfação, compartilho este li...