Neste ensaio, examinamos como as literaturas de Rubem Fonseca e Georges Bataille convergem na exploração da violência e na subversão da linguagem para revelar a realidade da sociedade. Ambos os autores buscam desobstruir as cordas vocais da linguagem, dando voz à violência que permeia a condição humana. Para Bataille, a linguagem civilizada é a expressão do homem civilizado, enquanto a violência é relegada ao silêncio, tornando-se aparentemente estranha à civilização.
A visão de Bataille contrasta com
a ideia de que os "civilizados" são incapazes de atos violentos,
desafiando a dicotomia entre civilização e barbárie. Rubem Fonseca ilustra essa
ambiguidade na sociedade brasileira através de suas narrativas de violência,
onde a realidade se distancia do discurso lógico e coerente.
Para Bataille, o Mal é uma parte inerente e inescapável da experiência humana, e a tentativa de suprimi-lo ou negá-lo pode levar a consequências ainda mais desastrosas. Em vez disso, ele sugere que devemos confrontar e abraçar essa dimensão sombria, reconhecendo que ela faz parte de quem somos. Essa perspectiva sobre o Mal está fortemente relacionada à ideia de que a experiência humana é ambígua e contraditória. Bataille acreditava que a busca por uma existência plenamente racional e ordenada é uma ilusão, e que devemos aceitar a nossa condição equívoca, onde forças opostas como vida e morte, ordem e desordem, razão e irracionalidade, coexistem.
Georges Bataille |
Por conseguinte, os textos de Fonseca alinham-se nessa esteira ultrarrealista contribuindo para a promoção de uma tomada de consciência que proporciona uma percepção empática acerca de atitudes que são vivenciadas e/ou reproduzidas pelos partícipes da comunidade escolar como violência contra mulher e escolar como bullying, autoridade docente, vandalismo, depredação do patrimônio público e transferência de culpabilidade pelos seus atos. Esta última, por exemplo, se traduz quando os estudantes delegam a culpa de suas falhas às limitações temporais ou simplesmente devido os colegas não terem comunicado se isentando de sua responsabilidade.
"Passeio Noturno (Parte I e II)": Nesses contos, Fonseca explora a vida de um homem solitário e alienado que se envolve em atividades sexuais violentas e obscuras. Eles revelam a alienação, a busca por prazer extremo e a desconexão com a sociedade.
"Dia dos Namorados": Este conto narra a história de um homem que se envolve em uma relação sexual degradante e sem amor com uma mulher que ele conhece em um bar. O conto expõe a superficialidade dos relacionamentos e a degradação da intimidade.
Violência e a Necessidade de
Autoconscientização
Bataille argumenta que o sistema
racional, representado pelo pensamento cartesiano, ignora a violência como um
caminho para a emancipação. No entanto, os contos de Rubem Fonseca desafiam
essa visão, apresentando personagens que se entregam à violência devido à sua
marginalização social e ao desejo de pertencer ao mundo do consumo. As
narrativas de Fonseca desafiam as normas da sociedade e da moral, revelando o
que os seres humanos são capazes de fazer.
O conto "Feliz Ano
Novo" exemplifica como a violência é alimentada pelo consumo e
desigualdades sociais. As personagens, marginalizadas e desesperadas, buscam
pertencer à sociedade através de um ato violento. O desprezo dos ricos pelos
pobres é evidente, demonstrando a desigualdade que impulsiona a violência.
Erotismo e Violência na
Literatura de Bataille e Fonseca
Bataille via o erotismo como uma
busca pelo "excesso" que desafia normas sociais e morais, envolvendo
o tabu, o sacrifício e o prazer proibido. Fonseca explora o lado obscuro da
existência, apresentando personagens que se entregam a impulsos destrutivos e
transgressores. Através da literatura, ambos os autores buscam uma experiência
interior que transcende as limitações da moral e da razão.
Hipermoral e a Transgressão
Bataille introduz o conceito de
"vontade de chance", que representa a busca humana pelo acaso, pelo
imprevisível e pelo caos. Isso envolve a quebra de paradigmas, desafiando a
razão e a moral. Fonseca compartilha dessa abordagem ao desafiar as normas
sociais e buscar experiências que escapam ao controle e à previsibilidade.
Conclusão
Rubem Fonseca e Georges Bataille
compartilham uma abordagem literária que busca expor a violência e a
ambiguidade da condição humana. Suas narrativas desafiam as normas e a moral,
levando os leitores a confrontar o lado obscuro da sociedade e da própria humanidade.
Através da literatura, eles buscam provocar a autoconscientização e transcender
as limitações da razão e da moral.
Nesta versão mais concisa do seu texto, mantive os pontos-chave e a estrutura geral do seu ensaio, abordando a convergência entre as obras de Fonseca e Bataille na exploração da violência e do erotismo, bem como a busca pela experiência interior e a hipermoral.
Rubem Fonseca |